terça-feira, 9 de março de 2010

ELAS NO MICROFONE

Elas ao microfone

Dia Internacional da Mulher é dia de receber trocentas correntes e mensagens de parabéns pelo e-mail, de ganhar um botão de rosa meio passado na entrada do shopping center, de ouvir homens reclamando pelo fato do calendário ser relapso e não marcar uma ocasião especial para eles também. Mas pode -- quer dizer, deveria -- ser o dia de lembrar de mulheres que marcaram o mundo, que fizeram a diferença em outras épocas muito mais difíceis, e de mulheres anônimas, que ainda fazem a diferença em uma época ainda difícil. Além de tudo isso, eu acho que é um dia para a gente celebrar nossa feminilidade e nossas muitas, por que não, diferenças.

Estava pensando: meus maiores ídolos na música sempre foram homens, por algum motivo que me foge. Porém, sou tomada de uma verdadeira adoração quando vejo uma mulher pegando o microfone e arrasando. Tem alguma coisa na voz delas que me encanta. Talvez a projeção de que eu, se tivesse passado na fila do gogó poderoso antes de vir para este plano (coisa que eu não fiz, pois odeio filas), poderia muito bem estar lá comandando a platéia. O legal é que há cantoras e vocalistas femininas para todos os gostos. Há aquelas que não se incomodam em mostrar o dedo do meio, berrar e arrebentar instrumentos musicais; há aquelas que cantam baixinho, na delas, sem precisar provar nada para ninguém; e há aquelas ruins que botam roupas mínimas, claro.

Mas não é dessas últimas que este texto vai tratar. Em homenagem silenciosa, ou nem tanto, ao Dia Internacional da Mulher, eu botei o meu mp4 para tocar algumas das minhas músicas favoritas cantadas por mulheres. E resolvi que aqui seria um bom lugar para dividir essa playlist (muito) pessoal, porque espero que você divida a sua comigo também!

"Feed The Tree", Belly "
Embora não amplamente conhecida como deveria, Tanya Donelly tem, na minha singela opinião, uma das vozes femininas mais lindas do rock. O Belly caiu um pouco na categoria "grunge", mas já vou avisando que é muito mais que isso.

"Heart of Glass", Blondie
Impossível falar em mulheres no vocal e deixar de lado Debbie Harry, a loira bonitona e cheia de atitude que não tinha receio de se misturar com aquele povo sujo e fedido do punk. Essa é para animar qualquer festa, vai por mim.

"Carnival", The Cardigans
Depois do ABBA, qualquer banda que viesse da Suécia com uma vocalista meiga teria de agüentar um certo preconceito. O Cardigans teve sucesso mediano, fez um show micado no Brasil, mas ainda assim eu adoro, adoro essa canção.

"Make Your Own Kind of Music", Cass Elliot
Mama Cass vai ser sempre "aquela cantora que morreu asfixiada por um sanduíche de presunto". Mas coloque-a para tocar enquanto precisa fazer alguma coisa chata, tipo lavar a louça. Você vai usar o frasco de detergente de microfone.

"Cherry-Coloured Funk", Cocteau Twins
Cocteau Twins carrega uma pecha de ser "Ennya para alternativos", o que eu acho engraçado mas também maldoso. Nem toda música com atmosfera mágica é new-age. Se você quiser sonhar colorido, pode apostar nessa banda escocesa.

"Time After Time", Cyndi Lauper
Cyndi era um arraso. Engraçada, audaciosa, maluca, ela transbordava talento e fazia aquela Madonna anos 80 parecer tão sem graça. Por alguma razão estranha, não fez tanto sucesso. Ah, mas aqui no meu player ela tem todos os louros.

"The Way To San Jose", Dionne Warrick
Quer ouvir algo divertido, com uma aura vintage no melhor estilo "Austin Powers"? Então pode procurar qualquer obra do músico Burt Bacharach cantada pela diva Dionne Warrick e sua voz cristalina. Esse hit aí é meu favorito de longe.

"What You Waiting For?", Gwen Stefani
Enquanto Britney só atrai comentários ruins (hmm, por que será?), Gwen Stefani é celebrada pelos fotógrafos e fofoqueiros. Ela está sempre linda, com um bebê lindo e um casamento sólido. Além disso, Gwen é meu "guilty pleasure" preferido. Adoro.

"Celebrity Skin", Hole"
Que Courtney Love é a nova Yoko, ninguém duvida. A mulher costuma ser odiada pelos fãs do Nirvana, que acham que ela teve alguma coisa a ver com a morte de Kurt Cobain. Sei lá. Eu prefiro ficar na minha com meus fones de ouvido.

"Rosas", La Oreja de Van Gogh
Gosto bastante de um pop açucarado, desde que seja bem feito, bem pensado e bem executado. E se for cantado em um delicioso espanhol da Espanha, então, melhor ainda. A banda La Oreja de Van Gogh é até conhecida, ganhou Grammy Latino.

"Smile", Lily Allen
Não sei se o furor causado por essa cantora inglesa já desembarcou no Brasil, mas por aqui Lily Allen está causando. Baixei o CD no iTunes e pronto, fiquei viciada na hora. Nem é o tipo de música que eu costumo gostar, mas ela é tão fofa.

"Ladyfingers", Luscious Jackson
O ótimo Luscious Jackson já foi um quarteto, mas depois virou um trio de meninas. Elas gravaram sua primeira demo com o dinheiro que conseguiram abrindo para o Beastie Boys. Pois eu prefiro mil vezes as "girls", desculpe.

"Fun For Me", Moloko
Moloko fez até um sucesso no Brasil, quando particiou do Free Jazz Festival lá por volta de 2000. Se eu não me engano, essa música (que eu acho simplesmente genial), também serviu para alguma alguma propaganda, talvez do cigarro.

"Baby", Mutantes
Queria tanto a versão de "Baby" com a Gal Costa, mas só tenho a com a Rita Lee. E em inglês. Não que seja ruim, mas ali não tem a minha infância ouvindo "Você precisa saber da piscina/ da margarina, da Carolina, da gasolina".

"These Days", Nico
Nico, ou Christa Päffgen, foi uma cantora alemã de voz um tanto sombria que fez parte do Velvet Underground (e teve um caso com Lou Reed, dizem). Ela era bem "in" na época, servindo até de modelo para Andy Warhol. Poderosa.

"Sour Times", Portishead
Não sei dizer o tipo de som que o Portishead faz. Segundo rótulos, eles são "trip hop", seja já o que isso signifique. Bem, eu concordo com a parte do "trip". Ouvir as melodias dark e a voz potente de Beth Gibbons pode ser uma "viagem".

"Crash", The Primitives
O Primitives foi uma banda inglesa dos anos 80 que acabou ficando de fora do revival e dificilmente é lembrada nas muitas coletâneas que pipocaram por aí. Mas eu adoro. É dançante, alegre, sem compromisso. Como aquela época foi tão bem.

"Regina", Sugarcubes
A islandesa Bjork era adolescente quando fez parte do Sugarcubes. Ela já tinha, porém, aquela voz tão singular e impossível de ser confundida -- ou ignorada. O vestido de cisne no Oscar e os ataques de estrelismo ainda eram longínquos.

"Small Blue Thing", Suzanne Vega
Quando se fala em Suzanne Vega, a música que vem à cabeça é "Luka", seu maior sucesso. Minha favorita da cantora ruiva de tom suave e doce, porém, é essa balada que não é menos suave e doce. Ideal para uma tarde de introspecção.

"Maps", Yeah Yeah Yeahs
Chegamos no Y, e a última do meu playlist feminino! A vocalista Karen O é daquelas raivosas, que não se importam de berrar. Fico até tímida em dizer que gosto mesmo da única música romântica da banda. Mas é que eu sou mulher, fazer o quê.

O texto saiu tarde porque eu fiquei ouvindo todas essas músicas enquanto escrevia... :-)