segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Recomeçar


Essa vida é mesmo assim, estranha, algumas vezes impiedosa, basta um descuido e puft! Ela nos dá uma rasteira, mas sabe, me acostumei com esses tombos, até porque os rios sempre se tornam grandiosos após as quedas.

Algumas vezes me acho tão esperta, aff ledo engano Verinha, ledo engano. Acho que sou a mais inocente das criaturas. Não! Mas isso não é ruim não, prefiro me manter assim, com essa essência que o grande mestre me deu.

Sou paciente, sempre espero o melhor das pessoas, sempre quero ver que tudo é uma fase ruim, até porque é mesmo, passamos por fases boas e outra piores...rs mas no final tudo passa.
Já sofri inúmeras vezes, já cai muitas outras, mas depois me levanto ainda mais forte, é sempre assim, devo me acostumar com esses altos e baixos pois é assim que a vida funciona.

Não digo que hoje estou feliz, porque não estou, mas já tive dias piores, ô se tive! Agora espero a grandiosidade do universo me dar mais uma chance de ser feliz, ou melhor de estar feliz, porque ninguém pode ser feliz constantemente, isso seria um tédio.Mas vamos lá, que seja um período de tristeza curto só pra fazer perceber o quão grande é o mundo e como posso ser feliz novamente.

Seja qual for a decisão que eu tomar, de nada adianta, pois Deus já a tomou por mim, nem posso questionar se sim ou não, pois ele que já fez meus caminhos sabe de todas as pedras que devo tropeçar e todos as flores que devo colher.

Mas assim, se querer ser melo-dramática, mas tenho tanta saudade quando minhas únicas dores eram de quando eu caia das árvores na casa da minha avózinha. Essas se curavam logo, só com um abraço e um beijo que ela me dava, tão bom.

Mas finalizo aqui, tendo a certeza que os próximos posts serão mais, digamos, empolgantes.

Deixo aqui uma música que pode me resumir nessa fase.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Eu prefiro ser essa plasticidade ambulante…

raul palst

Ano passado vários sites noticiaram que há 20 anos morria Raul Seixas, um dos roqueiros brasileiros mais influentes.

Toda vez que ouço o nome Raul Seixas meu cérebro logo mexe nas minhas memórias armazenadas a respeito dele e traz a tona a música “Metamorfose Ambulante”:

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante… do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”

Raul Seixas (até onde eu saiba) não era neurocientista, mas devia levar jeito pra coisa… pois é isso mesmo que nós somos! Metamorfoses ambulantes!

Nós estamos o tempo inteiro aprendendo coisas, mudando, nos tranformando. E os nossos neurônios também!

A cada coisinha que nós aprendemos nossos neurônios também mudam… é o que chamamos de plasticidade neuronal!

A plasticidade neuronal é necessária não só no aprendizado, na formação e armazenamento de memórias como também na atualização e modificação de memórias existentes, ou seja, é melhor ser essa plasticidade ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo!

Para saber como ocorre a plasticidade neuronal é importante saber o que é uma sinapse. As sinapses são conexões especializadas que permitem transmitir informações de um neurônio a outro neurônio (ou a outra célula).

A informação “corre” na forma de impulsos elétricos ao longo do neurônio e quando chega na pontinha do neurônio (terminação axonal) ele libera substâncias químicas chamadas neurotransmissores na fenda sináptica (espacinho entre um neurônio e outro) que se ligam a receptores no próximo neurônio. Os neurotransmissores funcionam como chaves e os receptores como fechaduras, e a ligação neurotransmissor-receptor pode inibir ou excitar o próximo neurônio!
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A ligação chave-fechaduradura… ou melhor, neurotransmissor-receptor pode acarretar alterações duradouras nos neurônios por meio da plasticidade sináptica. Este sistema possui um papel fundamental nos processos do aprendizagem e memória.

- Potenciação de Longa Duração: também conhecida por LTP (long-term potentation) é uma excitação que se mantém de maneira persistente, aumentando a eficiência das sinapses.

Mas como ocorre essa excitação?

O GLUTAMATO é um tipo de neurotransmissor (chave) que desempenha um papel importante na LTP e pode ligar-se a vários tipos de receptores (fechaduras), entre eles, os receptores AMPA e NMDA.

AMPA: este é o primeiro receptor a responder à ação do glutamato liberado na sinapse. Quando o glutamato se liga ao AMPA promove a abertura de canais para sódio e potássio, provocando assim uma excitação da membrana do próximo neurônio.

NMDA: a abertura desse tipo de canal permite que entre cálcio no próximo neurônio, fazendo com que este gere estímulos mais intensos ainda.

Esta série de eventos podem durar de horas a dias e possui funções importantes na aprendizagem.

- Depressão de Longa Duração: também conhecida como LTD (long-term depression), é um tipo de plasticidade semelhante à LTP – mas com sinal contrário. Neste caso, ocorre um enfraquecimento da transmissão sináptica por diminução da entrada de cálcio.

- Sinaptogênese e Remodelamento Sináptico: crescimento de novas sinapases ou mudanças nas sinapses já existentes.

- Neurogênese (nascimento e crescimento de novos neurônios): ao contrário do que se acreditava, novos neurônios continuam surgindo no cérebro do adulto (giro denteado e bulbo olfatório). Embora possa ocorrer neurogênese em outras regiões em casos de dano cerebral.

Vale ressaltar que esses 4 mecanismos de plasticidade não são completamente independentes. Portanto, nosso cérebro está em constante e dinâmica modificação devido ao aprendizado e formação de memórias, através do aumento da eficiência ou do enfraquecimento da transmissão sináptica, formação ou remodelamento de sinapses e neurogênese.

Melhor assim né?

Já pensou ter sempre a mesma velha opinião sobre tudo???

Toca Raul!

Josy Pontes

Mestre em Ciências pela UNIFESP e atualmente doutoranda do laboratório de neurofisiologia desta mesma universidade.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pensar sobre pensar


Pensar sobre pensar

O cérebro humano é uma coisa tão complexa que nem o cérebro humano é complexo o bastante para entende-lo. Era só o que eu queria contribuir para o desânimo geral destes dias, obrigado. Não, o certo é que nunca entenderemos nosso cérebro como nunca entenderemos as últimas razões do Universo – ou, pensando bem, as primeiras. Os limites da especulação sobre o fim e a origem da matéria e os limites do pensamento sobre o pensamento são os limites do conhecimento humano. O que não impede alguns malucos de continuarem a tentar expandi-los.
No campo do conhecimento do cérebro, ou do pensamento sobre o pensamento, está havendo uma guerra de teorias parecida com uma questão religiosa de alguns séculos atrás. Que, pelo menos para os religiosos continua. Discutia-se então a divisão entre corpo e mente. Ou alma, ou que outro nome tivesse uma essência humana separada da biológica. Na neurociência, chegou-se, não faz muito, a um consenso mecanicista do cérebro como uma planta eletroquímica e do seu funcionamento como os processo desta incrível usina, complicada além da imaginação, mas não além da biologia. O que desgostou os psicólogos mas parecia incontestável. Agora tem gente dizendo que mente e cérebro são duas coisas completamente diferentes. Usando uma analogia que Santo Agostinho não contava, no seu tempo, dizem que cérebro é um computador e a mente é um programa. Hardware e softwareem português claro. Ou seja, dois cérebros exatamente iguais podem ter mentes diferentes. Há fantasmas, afinal, dentro da usina. A natureza dessa alma reabilitada, claro, continua um mistério. Os limites do nosso autoconhecimento só chegaram um pouco mais para lá.
Sempre me pareceu enlouquecedor que os sonhos, justamente a oportunidade que nosso cérebro tem de falar conosco a sós, sejam em código, em linguagem simbólica, geralmente inteligível. Não estamos nem acordados para poder dizer “fala sério!”. A explicação seria que sonhos são o cérebro brincando de mente, o hardware sem um software para lhe dar coerência e objetivo exercitando seus circuitos, apenas mantendo-se aceso. De vez em quando surge um enredo, uma seqüência, uma sugestão de sentido ou mensagem. E são destes sonhos que a gente s lembra. Mas não querem dizer nada. São como os rabiscos de um macaco, que de repente, sem querer, desenha uma cara. Se alguém um dia nos explicar o cérebro, não será o nosso cérebro.

Luis Fernando Verissimo